quinta-feira, 5 de março de 2009

FUNÇÃO DO TRANSPORTE NA LOGÍSTICA TRANSPORTE MARÍTIMO¹

Carina Knecht

Monalize Furtado

Nadiomar Córdova dos Santos²

RESUMO

Destina-se o presente artigo a explanar a importância do modal hidroviário de transportes dentro do processo logístico, apontando suas características básicas, suas eventuais vantagens e desvantagens frente aos demais modais e tecendo comentários sobre sua situação no cenário atual. O presente trabalho procura abordar, ainda que de forma suscinta as dificuldades e limitações encontradas pelo setor, diante das condições geográficas e climáticas, bem como procura ressaltar a sua evolução ao longo da historia dos povos, desde as primeiras navegações de que se tem registros até os modernos equipamentos hoje em operação.

PALAVRAS-CHAVE:

Hidroviário, marítimo, fluvial e lacustre.

INTRODUÇÃO

O transporte marítimo, tema que dá título ao presente artigo, encontra importância no cenário comercial desde os tempos mais remotos, tendo surgido da necessidade dos povos em cruzar os mares em missões comerciais ou bélicas. Dos modais de transporte, o hidroviário é considerado um dos que apresenta menor custo operacional, porém, o que tem maior grau de dependência em relação aos demais, necessitando sempre de complementação.

Registros históricos fazem referência ao desenvolvimento da navegação, associando-a ao desenvolvimento dos povos, todavia, o transporte hidroviário passou a ter maior significado a partir do momento em que publicações técnicas passaram a dar ênfase ao transporte de grandes volumes de cargas, a longas distâncias e de baixo custo. Institutos e órgãos de pesquisa passaram a monitorar a evolução deste setor, elaborando estatísticas, divulgando dados e promovendo aprimoramento das empresas e de seus operadores.

Dados trazidos a este artigo procuram trazer ao leitor um apanhado de informações a respeito da participação do modal hidroviário, marítimo e fluvial, dentro da cadeia logística. Os dados aqui apresentados foram colhidos em publicações técnicas, livros, revistas e sites especializados, os quais tem a preocupação de mostrar a real situação deste modal.

Assim, é possível afirmar que dentre outros modais, apesar da existência de desvantagens como a necessidade de transbordo nos portos, da longa distância dos centros de produção e da menor flexibilidade nos serviços, aliado a freqüentes congestionamentos nos portos o modal hidroviário apresenta ainda muitas vantagens, entre elas maior capacidade de carga, em quantidade e diversidade, que resulta em menor custo por tonelada transportada.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Desde os primórdios da civilização, quando os povos começaram a expandir suas relações comerciais, fizeram da via aquática a ferramenta para o transporte de mercadorias. Em busca do melhor aproveitamento dos recursos hidroviários os meios para este transporte são projetados dentro de certos requisitos que os torne eficientes em seu uso. O transporte hidroviário no sistema interno é limitado, face às condições hidrográficas de cada região, às condições climáticas e a infraestrutura de cada portuária do pais. Por isso, o modal hidroviário deve combinar com outro modal que lhe servirá de complemento na cadeia logística.

O transporte hidroviário compreende os transportes por via marítima e fluvial, sendo o primeiro por mares e o segundo por rios. Há ainda o transporte desenvolvido em lagos e lagoas, denominado lacustre.

O transporte marítimo atende a cargas pesadas de longas distâncias, e sub-divide-se em transporte marítimo de longo curso e o transporte marítimo de cabotagem. O primeiro compreende a ligação entre países, com navios que fazem rotas internacionais, enquanto que o segundo abrange a navegação de pequena cabotagem, interligando os portos nacionais. O transporte marítimo de grande cabotagem é reponsável pelas ligações com outros países. O transporte marítimo de longo curso, por sua vez, também se subdivide em dois tipos. O transporte conferenciado, que possui empresas regulares que dispõe de carga geral convencional é o primeiro deles, e o de contêineres, que constitui o segundo tipo de transporte marítimo. O princípio fundamental desse comércio é a liberdade e, qualquer nação que respeite as regras de segurança, entra e sai de qualquer porto, para carga e descarga, com taxas de frete estipulados pelo armador. Isto dificulta a ação dos governos para implantar outras taxas de frete internas. Já o transporte regular não possui entidade internacional independente para regulamentar e fiscalizar o processo.

3 A EVOLUÇÃO DO TRANSPORTE HIDROVIÁRIO

Já os egípcios utilizavam do Rio Nilo, em determinadas épocas do ano, para desenvolver suas atividades comerciais. Sendo um meio de baixo custo operacional, é utilizado no transporte a grandes distâncias, em volumosas cargas de baixo valor em relação ao peso, exemplo: o minério. Se comparado aos demais modais, o marítimo continua sendo um dos mais viáveis a longas distâncias, em especial os cargueiros com super-utilidade em capacidade para grandes pesos e tamanhos. A cada momento surgem novos cargueiros, maiores, tecnologicamente avançados e com capacidade para quantidade cada vez maior de contêineres, além do espaço nos porões e produtos acomodados entre a carga, estes numa carga geral.

Os navios, com sua vasta utilização, tanto cargueira como turística, por ser um veículo de grande porte, precisam de uma grande quantidade de combustível para sua movimentação. Os primeiros navios, movidos a força do vento nas velas, perderam espaço em virtude do barco seguir apenas a favor do vento. O próximo engenho seria o barco movido a remo, estes responsáveis por grandes descobertas, ampliando os métodos conhecidos e mudando social e economicamente vários países. No século XIX a energia eólica é substituída pela energia gerada pela máquina a vapor, que logo depois perdeu o lugar para o petróleo. Somente após a segunda guerra mundial houve adaptação de turbinas, com energia nuclear.

Equipados com motores que variam de 9 a 13 mil cavalos de potência e sujeitos a uma locomoção de baixa velocidade, o que demanda grandes jornadas em funcionamento, a queima de óleo nas caldeiras e a conseqüente emissão de gases poluentes causa preocupação para alguns órgãos de preservação do meio ambiente. Sabe-se que antigamente com a utilização das caravelas a eficiência era menor, porém ecologicamente correta. Mesmo assim o modal hidroviário é a forma mais econômica de transportar grandes cargas, apesar da lentidão e pouca competitividade com outros modais, a curtas e médias distancias.

Com o transporte marítimo, nos portos surgem em especial, trabalhos voltados à logística. Operadores logísticos são responsáveis por toda a movimentação da carga. Pois o transporte marítimo precisa da combinação com outros modais, como o rodoviário ou ferroviário para distribuição. O tempo gasto nos portos é limitado, exigindo ainda mais dos estivadores, para melhor atuação, a descarga é feita com guindastes rolantes.

Em se tratando do transporte hidroviário nacional, pode-se afirmar que a hidrografia do país não possibilita uma infiltração de qualidade, pois, dispõe de poucos rios navegáveis os quais se restringem em alguns pontos. No que se refere ao transporte marítimo, também o clima exerce grande influência sobre esse modal, sendo que no Ártico, em determinadas regiões, por exemplo, no interior das regiões polares e também mar aberto a grande ocorrência de icebergs, estes, causadores de muitos acidentes. Os temporais e o baixo nível do mar são outros motivos não menos importantes.

É possível aqui citar ensinamentos de BALLOU (2006)³ o qual afirma a respeito da segurança:

“A confiabilidade e disponibilidade do serviço hidroviário dependem principalmente das condições do tempo. O movimento nas vias aquáticas na região norte dos EUA durante o inverno é impossível e, inundações e secas podem inerromper o serviço em outras épocas”.

O que limita, em grande parte, o acesso aos portos é infra-estrutura deficiente destes e o grande porte dos navios atualmente em operação, tais como os petroleiros de 275000 toneladas e de grande calado. O que melhor representa a evolução do transporte marítimo é a adaptação dos navios aos diferentes tipos de carga. Para melhorar este modal exige-se a construção e abertura de canais com as vias fluviais naturais, um investimento alto, porém, rentável e de rápida recuperação. As maiores concentrações de trafego no mundo são no oceano Atlântico e o Indico.

Neste sentido, BALLOU (2006) refere-se às limitações sofridas pelo modal hidroviário de transporte dizendo:

“Os serviços de transporte aquaviário tem escopo limitado por vários motivos. O serviços nacional é confinado ao sistema interno de vias aquáticas, que exite, nos EUA, que os embarcadores sejam localizados nas respectivas vias ou que utilizem outro modal de transporte em combinação com o hidroviário.”

O principio fundamental desse modal é a liberdade associada ao respeito as regras de segurança, facilitando a entrada e saída dos portos com fretes estipulados pelo armador. Com isso o governo encontra problemas na regulamentação de taxas de fretes. O frete marítimo é relacionado ao valor da carga em geral diferente de outros que empregam o frete sobre o valor do transporte.

4 O TRANSPORTE HIDROVIÁRIO DE CARGAS

Objetivando o manuseio e transporte seguro, as cargas são classificadas de diversas formas, sendo considerados: volume, quantidade,, peso, valor, fragilidade, forma de sua embalagem e conservação, origem e destino, variando daí a espécie de embarcação a ser utilizada. Desta série de opções os mais procurados são os de contêineres, devido sua capacidade de transportar todo e qualquer tipo de carga desde a granel.

Segundo BALLOU (2006) “ é muito grande a capacidade disponível em matéria de transporte hidroviário, com a capacidade de transporte de 40 mil toneladas, havendo também navios com dimensões padronizadas de 26 por275 e 35 por 195 pés”.

“Os serviços aquaviários são fornecidos em todas as formas legais, e a maioria dos produtos transportados por essa via está desregulamentada. Além do transporte privado desregulamentado cargas líquidas em graneleiros e outras de grande volume, como carvão, areia, cereais, que perfazem acima de 80% do total de toneladas-milha transportado anualmente por hidrovias são exemplos, segundo explicita BALLOU”.

5 TIPOS DE TRANSPORTE HIDROVIÁRIO

Iniciando o estudo sobre o transporte hidroviário pode-se verificar o quão vantajoso é esse modal, onde se encontram três opções de locomoção, sendo por via marítima (mares), fluvial (rios) e lacustre (lagos e lagoas).

Este tipo de transporte é pouco utilizado, em especial se tratando de vias fluviais e lacustres.

A analise de algumas pesquisas revela a economia decorrente do uso deste transporte, que atinge a um índice oito vezes menor que o modal rodoviário e três vezes inferior ao custo do transporte ferroviário. Deve-se salientar, todavia, que este modal constitui um ótimo diferencial competitivo para regiões onde é possível sua plena utilização.

Evidenciando pontos desvantajosos nesta modalidade de transporte temos a poluição pela liberação de Gás Carbônico na atmosfera. Graças a evolução da tecnologia este problema vem sendo avaliado para minimizar a poluição.

SISTEMA DE SEGURANÇA - SINALIZAÇÕES FLUVIAIS

As placas e bóias de sinalização fluvial são representadas em duas cores diferentes.

-Verde- a margem direita do rio.

-Vermelha, a margem esquerda.

-Função de sinal no canal navegável:

- Bóia cega (listada de verde) – boreste de quem desce, bombordo para quem sobe.

- Bóia cega (listada de vermelho) – bombordo de quem desce, boreste de quem sobe.

- Bóia cega ( listada de vermelho, com base vermelha e lista preta) – pedra no meio do canal. Todas estas servem para a segurança das embarcações.

6 APRESENTAÇÃO DE DADOS

Os tipos de transporte Hidroviário-Maritimo são os de: Passageiros (paquetes e ferry-boats), Contentores (porta-contentores), Automóveis (cargueiros ro-ro), Frigoríficos (navios-frigorífico), Granel (graneleiros), Liquidos (petroleiros, navios-tanque), Gás, Perigosos, Inflamáveis e Nucleares.

Os tipos de embarcações são: balsas, barcaças, navios de médio e grande porte, pequenos barcos, chatas.

Em termos de custo e capacidade de carga, o transporte hidroviário é cerca de oito vezes mais barato do que o rodoviário e de três vezes, do que o por ferrovia. É um diferencial no mercado de logistica, e propicia a oferta de produtos para o mundo todo com preços competitivos.

Levando em conta o fator de aprimoramento para o setor, buscou-se criar um navio (protótipo) que aproveite a propulsão do vento, para tentar minimizar as emissões de gás carbônico. Ele possui uma pipa gigante computadorizada, e foi construído na Alemanha.

O consumo de combustivel neste modal é 1/10 do terrestre, e apesar do índice de poluição elevado é um meio muito eficaz em termos energéticos se comparado a outros modais.

Segundo estudos feitos o número é três vezes superior ao estimado por estudos da comunidade científica feitos anteriormente. O nivel de poluição por transporte hidroviário chega a ser o dobro da emissão pelo transporte aéreo, tendo estimativas de aumento de 30% ainda em 2008

Suas principais hidrovias são:

- HIDROVIA TIETÊ-PARANÁ: Possui importância econômica no transporte de grãos e outras mercadorias. Possui 1250 km navegáveis.

- HIDROVIA PARANÁ – PARAGUAI: Com 3442 km de extensão.

- HIDROVIA TAQUARI – GUAÍBA: Com 686 km de extensão, fica no Rio Grande do Sul, principal via fluvial brasileira em relação a carga transportada, com uma frota de 72 embarcações que transportam, até 130.000 toneladas, produtos principais grãos e óleos. Tem facilidade de combinação com outro modal.

- HIDROVIA ARAGUAIA – TOCANTINS: Extensão de 1.900km durante inundação e 1.100km fora das inundações. Seu objetivo, integrar o transporte intermodal na região norte.

- HIDROVIA SÃO FRANCISCO: Maior rio brasileiro, com 1.300km de trecho. Principal objetivo melhorar a navegabilidade e navegação noturna.

- HIDROVIA MADEIRA: Principal afluente do rio Amazonas, com obras as quais buscam reduzir custos de frete.

7 CONCLUSÃO

Em virtude dos argumentos apresentados pode-se observar que o modal hidroviário objetiva a redução de tempo de manuseio, perdas e danos, e para facilitar o transbordo intermodal, que são utilizados normalmente os Navios Porta-Contêiner, e que em relação as cargas de alto valor deve-se dar atenção maior na hora de carregar e descarregar a mercadoria e em especial a embalagem do produto.

Analisa-se que o transporte hidroviário possui uma desvantagem, que é a emissão de gás carbônico na atmosfera, o que auxilia o efeito estufa, devido ao fato da queima de óleo combustível das caldeiras dos navios.

Existem hoje navios projetados para carregamento de cargas específicas, como bobinas de papel, automóveis, plástico e etc, o que mostra a evolução do setor, e a preocupação com o que é transportado.

Para cada tipo de via navegável leva-se em consideração a capacidade da hidrovia para escolher qual embarcação é melhor.

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/Logistica Empresarial

Tradução Raul Rubenich 5ª Edição Porto Alegre Bookman 2006, Pagina 156.

NOVAES, Antonio Galvão Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição, Estratégia, Operação e Avaliação. Edição Terceira Revista, atualizada e ampliada Segunda Tiragem Editora Campus/Elsevier Rio de Janeiro 2007, segunda reimpresão.

http://www.cepa.if.usp.br/energia/energia1999/Grupo4A/hidroviario.htm -Acessado em 22/10/2008

http://pt.wikipedia.org/wiki/Transporte_hidrovi%C3%A1rio - Acessado em 22/10/2008

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrovia - Acessado em 22/10/2008

REVISTA PORTUÁRIA, BT Bitencoutr Editora, ed 98, março 2008.

www.tecnologistica.com.br - Acessado em 01.nov.2008, 08.out.2008, 10. out,2008 e 30.out.2008.

1 Artigo de opinião apresentado às disciplinas de Infraestrutura Logística e Produção de Textos, sob orientação dos Professores Esp. Marcelo Moro e Msc. Nalgis de Fátima Wagner, respectivamente, Unoesc, Unidade de Fraiburgo, SC.

2 Acadêmicos do curso de Tecnologia em Logística, 2ª fase. nadyfmcs021@yahoo.com.br, mona_furtado@yahoo.com.br, karina.knecht@yahoo.com.br

3 BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/Logística Empresarial. Trad. Raul Rubenick. 5º ed. Porto Alegre. Bookman, 2006.


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