segunda-feira, 30 de março de 2009

GESTÃO DE ESTOQUES: Uma estratégia, muitas teorias

Airton Borges Duarte
Monalize Furtado
Wanessa Oliveira Ramos

RESUMO
Dimensionar a importância da gestão de estoques, de sua integração com os riscos inerentes a atividade de planejar, organizar e controlar a armazenagem e o estoque de mercadorias e suas implicações com os demais setores da empresa. A palavra estoques é designação usada para definir quantidades armazenadas em processos de produção de quaisquer recursos necessários para dar origem a um bem, com a função principal de criar uma interdependência entre os vários estágios da cadeia produtiva (Filho, 2006, p. 62 disponível em www. wickpedia, acesso em 08.03.2009). A gestão de estoques é um conceito que está presente em praticamente todo o tipo de empresas e, como todas as suas divisões e subdivisões, algumas abordadas neste artigo, permitir ao administrador a mitigação de custos e a consequente elevação de lucros.
ABSTRACT
Size the importance of managing inventory, to its integration with the risks inherent in the activity to plan, organize and control the storage and inventory of goods and their implications with the other sectors of the company. The word stock is used to define quantities description stored in the production of any resources necessary to lead a well, with the main function of creating an independence between the various stages of the production chain (Son, 2006, p. 62 available at www.wickpedia.com.br, access on 08.03.2009). The management of inventories is a concept that is present in virtually all types of businesses, and all its divisions and subdivisions, some discussed in this article, allow the administrator of the mitigation costs and the consequent rise in profits.

PALAVRAS CHAVE: Gestão. Custos. Estratégias.

1 INTRODUÇÃO
Assim como pode se depreender da própria etimologia do grego “logistikos”, o significado de “cálculo e raciocínio matemático”, pode-se com segurança afirmar, na atualidade, que as atividades do setor logístico tendem a ocupar grande espaço dentro das organizações, como responsáveis pela geração de lucros, por meio da otimização de recursos, pela gestão racional da produção e da administração financeira, bem como da visão sistêmica da cadeia de suprimentos.
Ao operador logístico, assim entendido aquele que, dentro da cadeia de suprimentos opera em todas as suas fases, quais sejam:produção,transporte, armazenagem e distribuição, cabe o planejamento estratégico a respeito de determinado produto ou serviço, desde a matéria-prima até o consumidor final.
Em todas as fases deste processo o operador logístico encontrará a necessidade de armazenagem de mercadorias, seja matéria prima, seja peças e acessórios ou até mesmo o produto acabado, até que seja repassado ao consumidor final. Logo, sempre haverá uma forma de estoque a ser administrada de forma integrada aos demais setores da cadeia.
A gestão de uma atividade de logística integrada tem se tornado então a tarefa de garantir que estes objetivos sejam atingidos dentro dos limites de recursos aceitáveis.
Tem então este artigo como objetivo expressar o entendimento no sentido de que a logística não está confinada apenas às operações de manufatura e transportes e que, em razão da posição estratégica da armazenagem e gestão de estoques dentro do sistema, ela ganha relevância, embora dependente de muitos outros fatores como humano, naturais, financeiros e recursos de informações.
Através da abordagem de temas como custos de estoque, formas de gestão de estoques e estratégias de gestão de estoques têm por objetivo levar ao leitor noções da importância deste setor na cadeia logística.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A importância do gerenciamento de estoques está diretamente ligado a formação do preço final de produtos ou serviços levados ao consumidor, visto que objetiva controlar custos ao longo de toda a cadeia produtiva, assim considerado que inventários periódicos possibilitam o conhecimento da quantidade exata de materiais em estoque, permite a avaliação capital ali existente e do giro do estoque, bem como a redução de gastos com cálculos de estoques, já que o acompanhamento permite conhecimento constante dos níveis de estoque.
A realização, permanente ou periódica, de inventário físico ou censo de estoque permite o aprimoramento das técnicas empregadas e até mesmo a correção de anomalias existentes no sistema que, por conseqüência resultarão em elevação do nível de serviço, redução do capital de giro retido em estoques, mitigação dos custos de estocagem, vez que ocorrerá aumento dos pedidos no mês e, logo, diminuição de estoques de cobertura e segurança.
A gestão racional de estoques gera também redução com pedidos de emergência, visto que, observados o ponto de pedido e o estoque de segurança, não incorrerá em falta de mercadorias em seus armazéns, o que possibilita ao setor de compras efetuar cotações, pesquisas e comparações para posterior aquisição de materiais.
A gestão de estoques permite ainda ao administrador de recursos humanos direcionar melhor seus colaboradores, permitindo a realização de tarefas de maior importância e também concentrar seus esforços no melhor atendimento às necessidades do cliente.

2.1 CUSTOS DO ESTOQUE:
A doutrina atualmente aponta três características básicas do controle de estoques: quais sejam: os custos associados; os objetivos do inventário e a previsão de incertezas, sobre as quais é possível discorrer com certa brevidade, embora o tema, pela sua complexidade, recomende para uma prática eficiente e eficaz, longas horas de estudos.
Vários são os custos que podem ser citados como custos associados, entre eles: custos associados aos impostos e seguros.

Os custos de seguro contra roubo e incêndio são indiretamente ligados a quantidade de mercadoria mantida em estoque, todavia, são tradicionalmente lançados como custos de manutenção de estoque. Os custos de armazenagem física propriamente ditas são aqueles relacionados com a quantidade de estoque mantido. Existem,finalmente, os custos associados ao risco de manter o estoque, que são os custos de deterioração, obsolência, furto e dano (Ballou, 2007, p.212).

Ainda outros custos são classificados pela doutrina, entre os quais pode-se citar como merecedores de maior destaque os que se referem aos custos de compra, de falta, ramificando-se este último em:vendas perdidas e atrasos.
Quanto aos custos de compra:
Custos de compra. Estão associados ao processo de aquisição das quantidades requeridas para reposição do estoque. Quando uma ordem de compra é despachada para o fornecedor, incorre-se numa série de custos resultantes do processamento do pedido e da preparação do mesmo (Idem, 2007, p.212).

Quanto aos custos de falta:

São os que ocorrem caso haja demanda por itens em falta no estoque. Conforme a reação do cliente potencial a uma situação de carência, podem ocorrer dois tipos de custos de falta: 1- custos de vendas perdidas; 2- custos de atrasos (Idem, 2007, p.212) .

Quanto a custos de vendas perdidas:

Custos de vendas perdidas. Ocorrem quando o cliente cancela seu pedido caso produto desejado esteja em falta. Este custo pode ser estimado como o lucro perdido na venda agregado de qualquer perda de lucro futuro, devido ao efeito negativo que essa falta possa ter na boa vontade do cliente. Produtos facilmente substituíveis, tais como cigarros, alimentos e comprimidos de aspirina, incorrem em custos de vendas perdidas (Idem, 2007, p.212).

Quanto a custos de atrasos

Custos de atraso. São de medida mais fácil, pois resultam em gastos diretos da empresa. Quando o cliente aceita atrasar sua compra até que o estoque tenha sido reposto, certos custos adicionais acontecem no atendimento deste pedido. O atraso pode gerar gasto adicional devido a custos administrativos e de vendas no reprocessamento do pedido, além dos custos extraordinários com transporte e manuseio,caso o suprimento deva ser realizado fora do canal normal de distribuição [...](Idem, 2007, p.213).
Os custos necessários a manutenção de certa quantidade de estoques por determinado tempo não podem ser dissociados de todos os demais custos, pois o capital dispendido para formação destes estoques representa numerário imobilizado, que seguramente poderia ser utilizado em outros investimentos dentro ou fora da empresa. É imprescindível a avaliação do custo deste capital e a sua possibilidade de maior rentabilidade, seja pelo giro do estoque, seja por meio de investimento deste mesmo capital em outras modalidades de negócios que não a formação de estoques. Observa-se que mesmo com a implantação do plano real, no ano de 1994, com a estabilização do processo inflacionário, manteve-se a cultura gerada pelo longo período de crescimento desordenado de preços, que forçava o empresário a manter grande quantidade de itens em seus armazéns, como forma de garantir preços e certa lucratividade. O sistema inflacionário criou a visão imediatista de que os preços não se manteriam nos mesmos níveis para o dia, semana ou mês seguinte e isto refletiu sensivelmente na administração das empresas, mormente na formação de seus estoques como forma de garantir alguma estabilidade nos custos de produção. Algumas medidas podem ser adotadas visando maior eficiência e controle do estoque e que culminarão em melhorias de resultados, tais como a realização de balanços, análises históricas de produto e implantação do sistema Just in Time, sistema este que passou a ser visto como sendo uma filosofia, de aplicação complexa e até mesmo dispendiosa quando a empresa objetiva o estoque zero. Todavia, a doutrina não é pacífica com relação a classificação dos custos relativos à gestão de estoques, razão pela qual podem ser encontradas outras divisões como as três áreas que a seguir se apresenta: custos de manutenção de estoques, custos de pedido e por fim custos de falta. Com relação a custos de manutenção, pode-se citar a seguinte definição:
Custos de manutenção de estoques são custos proporcionais a quantidade armazenada e ao tempo que esta fica em estoque. Um dos custos mais importante é o custo de oportunidade do capital. Este representa a perda de receitas por ter o capital investido em estoques em vez de o ter investido noutra atividade econômica. Uma interpretação comum é considerar o custo de manutenção de estoque de um produto como uma pequena parte do seu valor unitário (Garcia et al., 2006, p.15).
No tocante a custos de pedido, colaciona-se o entendimento de que:
Custo de pedido são custos referentes a uma nova encomenda, podendo esses custos ser tanto variáveis como fixos. Os custos fixos associados a um pedido são, o envio da encomenda, receber essa mesma encomenda e inspeção. O exemplo principal de custo variável é o preço unitário de compra dos artigos encomendados (Garcia et al., 2006, p.15).l
Ainda referindo-se a custos de falta, é possível frizar que:
Custos de falta são custos derivados de quando não existe estoque suficiente para satisfazer a procura dos clientes em um dado período de tempo. Como exemplos temos: pagamento de multas contractuais, perdas de venda, deteorização de imagem da empresa, perda de market share, e utilização de planos de contingência (Garcia et al., 2006, p.16).
Há que se observar ainda na formação do estoque de segurança a tênue relação entre margem e volume, considerando que, por vezes não haverá possibilidade ou não será economicamente interessante a existência de estoques em nível de segurança de determinados produtos, visto que em decorrência de negociações envolvendo grandes volumes com os respectivos fornecedores podem advir lucros maiores. Assim sendo, dois aspectos precisam ser observados, quando o objetivo é obter vantagem no tocante a custos na gestão de estoques, sem esquecer a relação de interdependência existente entre ambos. O primeiro aspecto a ser analisado é a taxa de giro do produto no estoque, ou seja, uma avaliação para aferir quanto tempo permanecerá em estoque, avaliando se o tempo de permanência deste capital imobilizado na formação de estoque não sofre desgaste ou se sua rentabilidade é compensatória frente a outras possíveis aplicações ou investimentos na própria empresa, enquanto o segundo aspecto é proceder a verificação quanto a margem de desconto alcançável em razão do volume de compras, ponderando entre os custos financeiros e os custos de oportunidade. Logicamente que haverá viabilidade se o custo de oportunidade, em razão dos descontos for de montante superior aos custos de captação de captação de recursos.

2.2 OBJETIVOS DO ESTOQUE:
“Estoque consiste em substancial investimento em ativos e, portanto, deve proporcionar pelo menos algum retorno de capital”, (Bowersox, 2007, p226 ). Por isso, deve-se entender que o estoque de uma empresa objetiva o fornecimento de suprimentos a sua linha de produção para que esta possa desenvolver seus trabalhos de forma contínua e com equilíbrio de custos que lhe permita lucratividade.
A questão primordial do controle de estoque está em balancear os custos de manutenção, aquisição e faltas.
Estes custos têm comportamentos conflitantes. Por exemplo, quanto maiores as quantidades estocadas, maiores serão os custos de manutenção. Será necessária menor quantidade de pedidos, com lotes maiores, para manter os níveis de inventário ( Idem, 2007, p 213 ).

O controle abrange as quantidades disponíveis numa determinada localização e acompanha suas variações ao longo do tempo. Essas funções podem ser desempenhadas manualmente ou por computador. As principais diferenças são a velocidade, a precisão e o custo. (Bowersox, 2007, p 255).


Assim, o objetivo da gestão de estoque é promover o planejamento, controle e re-planejamento dos materiais existentes na empresa, já que tais decisões influenciarão em todos os demais setores da organização. Resumidamente então pode ser dito que o objetivo da gestão de estoque é suprir as necessidades da organização com materiais e suprimentos, conjugando maior eficiência e eficácia ao menor desembolso de capital.

2.3 PREVISÃO DE INCERTEZAS:
“Controlar o nível de estoque é como apostar em jogo de azar (Idem, 2007, p.214)”. embora viesse o país atravessando tempos de relativa calmaria econômica, desde o controle da ciranda inflacionária, com o advento do plano real, sujeita-se o mercado ainda às incerteza geradas pelas leis da oferta e da procura, as quais podem variar em razão de planos econômicos, mudanças políticas ou simplesmente mudanças na moda ou descobertas de novas tecnologias.
Tais circunstâncias conduzem a gestão de estoque a uma aposta em incertezas, onde nem todas as tendências de mercado ou de evolução tecnológica significam uma total verdade. O mesmo material, a mesma peça que hoje é moderna e farta pode amanhã se tornar obsoleta ou rara no mercado, fazendo com que sua utilização e preço disparem ou despenquem. E então qual será a medida certa do estoque? Que medidas usar para prever estoques?
Em resposta a tais perguntas encontram-se teses que servem estritamente ao controle de estoques, entre elas as que afirmam que a [...] projeção de vendas passadas é a técnica de previsão mais comum [...](Idem, 2007, p.212)”.
Assevera ainda o autor:

Uma série de técnicas para previsão de curto prazo estão disponíveis. São métodos conhecidos como média móvel, média com suavização exponencial, regressão múltipla, séries temporais e análise espectral. A técnica mais empregada é a média com suavização exponencial. Isto acontece porque ela tem algumas qualidades especiais. Antes de mais nada, é muito fácil usar. Além disso, necessita de relativamente poucos dados acumulados, o que é particularmente importante quando se deve armazenar informação para alguns milhares de itens. E, finalmente, ela é adaptável, ou seja, ela se auto-corrige conforme haja alterações no comportamento das vendas (Idem, 2007, p.215).

O tema gestão de estoques, todavia, não se resume a estes tópicos já abordados, sendo que outros inúmeros merecem destaque, porém, em razão das dimensões do presente trabalho deve-se optar por alguns considerados pelos autores de maior importância e por isso a merecer referência.

Sob condições de incerteza da demanda o estoque médio é dimensionado como metade da quantidade do pedido mais o estoque de segurança. [...] Sob condições de incerteza de demanda o ressuprimento é projetado para chegar no momento em que a última unidade de produto é enviada ao cliente Bowersox, 2007, p 242).

Tratar de incertezas de demanda e de incertezas de ciclos significa combinar duas variáveis independentes. A duração do ciclo é pelo menos a curto prazo, independente da demanda diária. No entanto, definir estoque de segurança, deve-se calcular o impacto conjunto referente a variações de demanda e ciclo de atividades Bowersox,2007, p 247)

2.4 FORMAS DE GESTÃO DE ESTOQUE
Existem várias formas de controlar a quantidade em estoque de maneira a atender aos requisitos do nível de serviço e ao mesmo tempo mitigar o custo de manutenção do estoque.
A gestão de estoques pode ser realizado de forma permanente ou periódica, sendo que na primeira modalidade o controle é feito diariamente, por meio de ressuprimento, exigindo controle constante e preciso de quantidade de todos os produtos e, para que o sistema atinja a eficácia desejada é necessário sistema informatizado. A outra modalidade de gestão é a gestão periódica, com intervalos regulares, previamente estabelecidos, os quais podem ser semanais ou mensais, mas que devem ajustar o ponto de ressuprimento. A desvantagem do sistema de controle periódico apresenta-se na possibilidade de ocorrer falta de produtos no intervalo entre uma e outra revisão, o que obrigará a empresa a formular pedidos de emergência, considerados de alto custo e contrário ao objetivo precípuo da gestão de estoques que é a redução de custos. Encontramos ainda sistemas de controle modificados, que envolvem a combinação dos sistemas permanente e periódico. Dentro desta combinação ocorrem variações, sendo que as mais comuns são o sistema de nível de reposição e ressuprimento opcional. O sistema de nível de reposição tem intervalos fixos entre colocações de pedidos, com controles periódicos e intervalos curtos. Já o sistema de ressuprimento adota o controle pleno sobre o estoque, similar ao exercido pelo controle permanente.

No sistema de nível de reposição, a quantidade do pedido é definida sem levar em conta os cálculos para determinação do tamanho do lote econômico. A ênfase é dada à manutenção dos níveis de estoques abaixo de um máximo. O máximo é garantido como nível não ultrapassável, pois o estoque jamais excede o nível de ressuprimento, e só pode atingir esse nível se não existirem vendas entre o momento de colocação de um pedido de ressuprimento e o período seguinte de contagem ou controle” Bowersox, 2007, p 257.

O sistema de ressuprimento opcional é uma variação do sistema de nível de reposição, e é chamado por vezes “s,S”, ou sistema mini-max. É similar ao sistema de nível de reposição, e em lugar de uma quantidade variável de pedidos adota uma quantidade predeterminada. É introduzida uma quantidade mínima variável do pedido. Como resultado, o nível dos estoques é mantido permanentemente entre um limite superior e um limite inferior. O limite superior destina-se a estabelecer um nível máximo de estoques, e o nível inferior assegura que os pedidos de ressuprimento sejam pelo menos iguais à diferença entre os níveis máximo (S) e mínimo (s). [...] Bowersox, 2007, p 257.


É de salientar que quando há incerteza de demanda e de tempo de ressuprimento o estoque mínimo deve ser aumentado em seu nível com quantidade de tolerância para formar estoque de segurança.

2.5 PONTO DE PEDIDO:
Também conhecido como ponto de reposição, objetiva manter investimento ótimo em estoques, isto é, caso o estoque seja muito elevado, os custos de sua manutenção serão excessivos ou, caso seja muito baixo, pode-se perder vendas ou ocasionar freqüentes paradas na produção.

O ciclo de atividades de estoque é definido como a combinação dos tempos dispendidos em eventos relacionados com a comunicação, processamento e transporte (Bowersox,2007, p 247)”. Após este ensinamento pode-se afirmar que a administração ou gestão de estoque, por ser processo integrado, deve ter conhecimento e considerar as atividades de todos os demais setores da organização e com base nas informações recebidas determinar o ponto para efetuar reposição de materiais, o que alguns chamam de ponto de pedido ou ponto de ressuprimento. “ o ciclo integrado de atividades é a base para planejar a política de estoque (Bowersox,2007, p 247).


Algumas regras devem ser respeitadas na gestão de estoques, de formas a não possibilitar que haja desfalque de itens no armazém e com isso clientes deixem de ser atendidos ou que se torne necessária a realização de pedidos de emergência.
Para isso, tal como um dispositivo de alerta, o ponto de pedido é o indicador do momento em que a empresa deverá formular novo pedido de suprimentos, de modos a manter a regularidade de seus estoques evitando assim a solução de continuidade no processo produtivo.

2.6 ESTOQUE DE SEGURANÇA:
O estoque de segurança, ou também chamado de estoque mínimo ou estoque de reserva, destina-se a manter em estoque quantidade de peças suficiente à continuidade dos trabalhos no período entre a formulação do pedido e a sua efetiva entrega. Pode ser considerado,em termos populares,uma reserva técnica e, está abaixo do estoque mínimo, sendo constantemente confundido com este, quando em verdade estoque mínimo representa a menor quantidade de material a ser mantida em estoque, bastante para manter o consumo durante determinado período ou para dar atendimento à demanda normal quando de eventual atraso na entrega dos pedidos formulados.

As previsões de vendas estimam quantidades envolvidas no ciclo de atividades relacionado com o estoque. Mesmo quando bem elaboradas, a demanda durante o ciclo de ressuprimento freqüentemente excede e não alcança o previsto. Para evitar a falta de estoque quando a demanda excede as previsões é adicionado o estoque de segurança [...] (Bowersox,2007, p 242).

O planejamento do estoque de segurança tem três estágios. Primeiramente deve ser avaliada a possibilidade de ocorrência de falta de estoque. Em seguida, deve ser estimado o potencial de demanda durante os possíveis períodos de falta de estoque. Por último é necessário adotar uma política com respeito ao grau de proteção a ser introduzido ao sistema (idem).

Tratar de incertezas de demanda e de incertezas de ciclos significa combinar duas variáveis independentes. A duração do ciclo é pelo menos a curto prazo, independente da demanda diária. No entanto, definir estoque de segurança, deve-se calcular o impacto conjunto referente a variações de demanda e ciclo de atividades (Ibidem).

Assim, por considerar a questão estratégica do nível de disponibilidade para servir os clientes em situações de demanda dependente, é necessário ter uma visão clara em relação a estoque de segurança. A não manutenção do estoque de segurança, sob condições de demanda dependente está ligada às hipóteses de que as compras de ressuprimento são previsíveis e constantes e que os fornecedores mantém estoque suficiente para satisfazer integralmente os pedidos de compra, bem como a hipótese de que podem ser usados contratos de compra que tomem por base quantidades que assegurem compras de eventuais fornecedores.

2.7 ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DE ESTOQUES:
Varias estratégias e sistemas são criados para buscar gestão eficiente e eficaz dos estoques e as razões para o controle de estoque residem na necessidade do conhecimento dos níveis de materiais e serviços da empresa.
Para isso, planejamento, organização e estratégias são necessárias para a obtenção de resultados precisos e, em decorrência disso, teorias foram desenvolvidas, visando dar ao administrador de estoques ferramentas de trabalho, às quais alguns denominam técnicas ou métodos, quais sejam:

2.8 MÉTODO DE EMPURRAR ESTOQUES ( Tipo Push )
Este método de inventário de estoque é empregado quando há mais de um armazém ou depósito no sistema de distribuição e consiste em alocar as mercadorias conforme a necessidade almejada nos mesmos.

2.9 MÉTODO DE PUXAR ESTOQUES ( Tipo Pull )
Permite manter controle mais afinado dos estoques a medida que cada local de armazenagem for tratado isoladamente dos demais, mantendo em cada local apenas o estoque necessário ao atendimento das necessidades daquele ponto. “havendo múltiplos depósitos, os pedidos de reposição dos armazéns individuais podem ser emitidos a qualquer tempo, sem levar em conta possíveis efeitos do tamanho do lote ou de seqüenciação de pedidos. (Idem, 2007, p 219).
Um dos sistemas de puxar estoques mais simples e comum é o método de estoque para demanda, onde a idéia básica é manter níveis de inventário proporcionais à demanda. Um método alternativo para puxar estoques contrapõe-se a este que chamamos de quantidade fixa, período variável e que apesar de funcionar bem para itens individuais, pode ser pouco vantajoso quando mais de um produto é comprado do mesmo fornecedor, pois nele, pedidos de itens diversos podem ocorrer em momentos diversos, o que pode implicar na perda das vantagens associadas àqueles descontos obtidos por ocasião da compra de grandes quantidades. Neste método alternativo aplica-se a prática quantidade fixa, período variável, o qual tem a capacidade de eliminar o desconforto e a desvantagem relatados anteriormente. Por este método alternativo, a reposição periódica permite a revisão e a manutenção constante dos níveis de estoques, ocasião em que a quantidade estocada é determinada e um pedido de ressuprimento e formulado, permitindo um cálculo entre o nível máximo ( MAX) e o nível apurado no momento da revisão.

2.10 CURVA ABC:
Entre as diversas técnicas ou métodos de controle ou gestão de estoques a classificação ABC atende com eficiência e eficácia aos propósitos já que refere-se ao fato de que 20% da linha de produtos (mercadorias) é responsável por 80% das vendas realizadas (valor), podendo a linha completa dos produtos ser classificada desde o item de maior até o de menor valor.

2.11 JUST-IN-TIME:
Este método, embora complexo e dispendioso para empresas que buscam a prática de estoque zero, vem sendo bastante difundida com a expansão dos conceitos e da logística na prática cotidiana das empresas, já que o sistema, hoje considerado por muitos como uma filosofia, visa suprir produtos para linha de produção, depósitos ou clientes apenas quando eles são realmente necessários. Tal prática demanda, todavia, certezas quanto a demanda e quanto aos tempos de ressuprimentos, vez que os lotes são pedidos apenas em quantidade suficiente ao atendimento das necessidades durante um ciclo de ressuprimentos.

O enfoque do just-in-time nem sempre leva ao estoque zero. Caso as necessidades ou os tempos de reposição não sejam conhecidos com certeza, então quantidades ou tempos maiores deverão ser usados, o que acaba colocando estoque extra no sistema. Além disso, pode-s manter estoques maiores do que o necessário para conseguir vantagens de descontos associados a maiores lotes de compras ou transportes. Quando estas situações acontecem, o método do just-in-time leva a resultados similares ao das outras técnicas de controle de estoques. Portanto, a técnica just-in-time é vantajosa quando: 1- os produtos tem alto valor unitário e necessitam de alto nível de controle; 2- as necessidades ou demandas são conhecidas com alto grau de certeza; 3- os tempos de reposição são pequenos e conhecidos; 4- não há benefício econômico em suprir-se com quantidades maiores que as requeridas “ (Idem, 2007, p228).

2.12 SISTEMA KARDEX:
Embora a grande maioria das empresas tenham aderido a informatização de seus sistemas, administrativo, fiscal, de produção, outras ainda trabalham com sistemas mecânicos ou manuais. O sistema Kardex é utilizado por empresas que ainda adotam o sistema de fichas e processam os pedidos e análises de inventário manualmente.
Neste sistema todas as informações pertinentes a compras, vendas e ao estoque estão contidas nas fichas, bem como descrição do produto, seu custo básico, modelo de embalagem, nome do fornecedor, data de compra e sua localização no armazém/depósito.
Pode-se apontar como desvantagem do sistema: 1- maior morosidade no acesso às informações, as quais ficam centralizadas em um fichário, enquanto que no sistema informatizado em rede, tais dados poderiam ser acessados em qualquer terminal interno da empresa; 2- demanda maior de tempo para atualização das informações no fichamento; 3- maior custo de mão obra na atualização dos dados, em razão do maior número de horas trabalhadas para tal; 4- impossibilidade de atualizações automáticas do estoque.

3 CONCLUSÃO
Em virtude dos argumentos apresentados pode-se observar que tornou-se fundamental para uma boa gestão de estoques manter o controle de materiais, qualidade, organização física, engenharia de produto, organização do trabalho e também de recursos humanos, possibilitando adaptação às necessidades da indústria que objetiva atender ao mercado consumidor, permitindo uma produção flexível com alta qualidade.
Havendo bom manejo e controle dos estoques e qualificando todas as etapas do processo produtivo, não deverá haver “grandes” estoques, nem espaços de armazenagem, eliminando-se os custos de armazenamento e inventário. Pode-se esperar então, ganhos de produtividade, aumento da qualidade e maior capacidade de adaptação às novas condições.
A produtividade e a qualidade são parâmetros de vantagem competitiva, sendo que se busca eliminar as causas de problemas que geram custos e os custos que provem de defeitos ocorridos durante o processo produtivo, mostrando que a redução de custos elimina desperdícios, o que é o objetivo principal de qualquer empresa.

4 REFERÊNCIAS
BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial. Transportes, administração de materiais e distribujição física. São Paulo; Atlas, 2007, 388p.
BOWERSOX, Donald J. CLOSS, David J. Logística Empresarial. O processo de integração da cadeia de suprimentos. 1ª ed. São Paulo; Atlas, 2007, 594p.
CENTRO DE ESTUDOS EM LOGÍSTICA – CEL/COPPEAD. Panorama Logístico, disponível em - www.centrodelogistica.org/new/fr-panorama_logistico.htm - Acesso em 07.março. 2008
GARCIA, Eduardo S.; REIS, Leticia M. T. V.; MACHADO, Leonardo R.; FERREIRA, Virgílio J. M. – Gestão de estoques: otimizando a logística e a cadeia de suprimentos [Em linha]. Rio de Janeiro: E-papers Servicos Editoriais Ltda., 2006. [Consult. 29 Maio 2008]. Disponível em http://books.google.com/books, acesso em 08.março.2009
GARCIA, Eduardo S.; REIS, Leticia M. T. V.; MACHADO, Leonardo R.; FERREIRA, Virgílio J. M. – Gestão de estoques: otimizando a logística e a cadeia de suprimentos [Em linha]. Rio de Janeiro: E-papers Servicos Editoriais Ltda., 2006. [Consult. 29 Maio 2008]. Disponível em www.wickpédia.orgl.br, acesso em 08.março.2009.
www.tecnologistica.com.br - Acessos em 02.março.2009, 05.março.2009 e 09.março,200.
www.comexnet.com.br/logistica.htm - acessso em 08.março.2009.
www.economiaetransporte.com.br – Acesso em 06.março.2009.

Acadêmicos do curso de Tecnologia em Logística, 3ª fase. airton.duarte@gmail.com; mona_furtado@yahoo.com.br; w-n-y@hotmail.com.

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