sexta-feira, 20 de julho de 2007

CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO: Vantagem Competitiva?

Jaquelina Ribeiro Pissolato *

Marcelo Moro **

Silvia Renata Cavinato ***

RESUMO

A logística teve sua origem na área militar, passando, dos anos 50 até meados de 70 para a área comercial. Dessa época até a atualidade, cada vez mais é procurada para salvaguardar as empresas. O emprego da Logística bem fundamentada pode fazer a diferença nos dias de hoje, e com isso ser aquele algo a mais, no âmbito comercial, que vai alavancar as empresas. Muitas são as ferramentas da logística, sendo que uma delas é o emprego de um Centro de Distribuição, visando centralização das operações.

Palavras Chave: Logística, distribuição, estoques.

1 INTRODUÇÃO

Com o aumento da competitividade empresarial no ramo alimentício, cada vez mais há estratégias adotadas para que seu diferencial seja o marco que separe vencedores de perdedores.

Uma das estratégias que é, nesse momento a mais abordada e estudada, refere-se à redução de custos nas empresas que, quando pensado em Suplay Chain, essa redução estende-se a toda cadeia de suprimentos.

Atendo-se somente ao ambiente interno, temos como principal foco, conforme Martins (MADALENA, Betina at al, RACE, 2005), que

Administrar recursos materiais das mais diversas naturezas tem sido a preocupação dos gerentes (...) administradores e praticamente todas as pessoas, direta ou indiretamente envolvidos com a atividade produtiva da empresa. (grifo nosso)

Betina, at al (2005), comenta em seu texto que, no cenário atual, a competição está cada vez mais acirrada, o que obriga as empresas a serem cada vez mais eficazes na gestão de recursos, sendo financeiros, humanos, materiais ou o próprio tempo. Os autores ainda citam como a Tecnologia da Informação vem ganhando espaço e se tornando uma importante ferramenta logística para as empresas.

Com essa tecnologia sendo empregada nos CD´s ¹, visamos analisar se o fato de trabalhar com o Centro de Distribuição por ser uma vantagem competitiva no mercado atual.

2 SUPERMERCADOS NO BRASIL

A participação na distribuição de alimentos no Brasil, por parte dos supermercados teve crescimento expressivo na década de 70. De uma participação de cerca de 26%, pulou para cerca de 86% nos meados de 1997, conforme Moro nos coloca em seu post ².

Também em seu post ², ele coloca que após a entrada do plano real, os mercados, que antes ganhavam muito dinheiro na gestão de estoque, simplesmente comprando muito e vendendo a preços atualizados pela inflação, tiveram que partir para novos caminhos, pois não se tornava mais interessante a manutenção de alto valor investido em produto parado, e sim, na nova concepção, em investir em alto giro de estoques.

3 LOGÍSTICA

Sabemos que a logística teve sua origem como recurso militar, visando colocar seus suprimentos na hora e quantidade corretas, para seus soldados, mas Betina at al, apud Pozo (2002), nos coloca que somente após os anos 50, até meados dos anos 70, foi que a abordagem logística começou a ganhar espaço dentro das organizações não militares. Até por uma questão de Marketing, nessa época o foco passou da produção para o cliente.

Como é de conhecimento geral, a malha viária do Brasil é deficitária, o que torna a logística de distribuição uma área que a cada dia ganha mais força e importância dentro das empresas.

Betina at al, em seu texto, nos relata sobre as atividades primária da logística, que compreende os transportes, manutenção de estoques e processamento de pedidos, e sobre as atividades de apoio, que compreendem armazenagem, manuseio de materiais, embalagem, suprimentos, planejamento e sistemas de informações.

4 ESTOQUES

Conforme citado acima, hoje em dia é muito importante que a Gestão de Estoques trabalhe com afinco para reduzir seu custo de permanência nos armazéns, visando sua eficácia no transporte interno para seu ponto de venda. Várias técnicas de gestão são utilizadas, cada qual com sua eficácia distinta para cada organização, como kanban, Just in Time e a Lei de Pareto, entre outras.

Inclusive a Lei de Pareto é largamente utilizada, visto que por sua classificação ABC, nos mostra a magnitude dos estoques, visto que os produtos mais importantes/rentáveis (A) para a empresa conferem a quantidade de 10 a 20% do estoque, enquanto os menos importantes/rentáveis (C) concentram a grande maioria, sendo muitas vezes superior a 50% do estoque.

5 CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO

O centro de distribuição tem várias funções além do puro armazenamento de mercadoria. Também deve existir a função para processamento de dados, que dará suporte ao pedido de mercadorias, definindo assim as necessidades dos clientes, como exemplifica Betina et al, quando cita Moura (2003) em seu texto. “Assim, na intersecção da armazenagem com o processamento do pedido, acontece o processo de separação do pedido (...) na quantidade correta do estoque para satisfazer as necessidades do cliente.”

Os autores explanam largamente em seu texto sobre vantagens e desvantagens se trabalhando com CD´s, tais como:

Vantagens

Desvantagens

- Processamento mecanizado dos produtos

- Fluxo regular e coordenado de mercadorias

- Redução de investimento em estoque

- Melhoria do índice de ruptura

- Lentidão para ajustar-se às novas particularidades

- Manuseio extra para perecíveis

- Acréscimo de um estágio na distribuição

Mesmo com todas as desvantagens, ainda se faz importante o CD dentro da rede logística do estabelecimento, devendo ser encarado como um componente do sistema global, sendo um sistema único dentro dele, segundo Novaes e Alvarenga (1994). Os componentes internos desse sistema estariam desde o recebimento, movimentação, armazenagem, picking ³ até o embarque de mercadoria para as filiais.

Betina at al, no texto, faz o comparativo entre duas redes de supermercados, a qual ela denomina como Rede A e rede B, pois uma dessas redes não teve interesse em ver seu nome divulgado. A Rede A opera em cinco estados brasileiros – SC/MT/MS/GO/SP – enquanto a Rede B opera somente em SC. A Rede A tinha, no momento do artigo, 28 lojas e não opera com CD, e a Rede B possui 20 lojas e opera com CD.

6 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

A rede A opera em nível nacional, onde os fornecedores têm a responsabilidade de entrega diretamente a cada uma das lojas. Os fornecedores que possuem EDI ² monitoram a exibição dos produtos nas lojas, fazendo o papel de promotores no estabelecimento. Com o EDI, na confirmação do pedido, a empresa fornecedora manda o espelho da nota fiscal, onde a empresa confere os dados e encaminha para o setor de recebimento. A diferença para os fornecedores que não possuem o EDI, é que o pedido é feito de forma manual, e a conferência no momento da chegada da carga nas lojas.

A rede B opera em nível estadual, e recebe seus produtos no CD, com exceção dos hortifrutigranjeiros, que são entregues diretamente nas lojas da rede. Os fornecedores visitam o CD para atenderem aos pedidos, e após enviam cópia da nota fiscal e agendam a descarga. Com a conferência do pedido, digita-se a guia de recebimento. Interessante frisar, é que, apesar de trabalharem em modo manual com seus fornecedores, a rede B trabalha com EDI junto às suas filiais. A estrutura do CD é composta de doca de recebimento, de envio e área de armazenagem. A última é subdividida em armazenagem propriamente dita e área de picking.

O gerente da rede B cita como desvantagem trabalhar com CD, o risco inerente de diminuição ou pausa nas operações. Ele exemplifica que, no caso de incêndio ou inundação, a rede sofreria uma falta de abastecimento de um mínimo de dez dias.

Claro que, as vantagens citadas por ele no texto de Betina at al são inúmeras, tal como a centralização das operações, o que possibilita uma menor movimentação, e a economia de custo em recursos humanos, visto que se esse estoque fosse descentralizado, aumentaria em pelo menos três pessoas cada loja. Centralizando tudo, ainda já uma redução significativa no frete.

Os autores concluem o texto, destacando que “o estudo não se propôs a avaliar a eficiência de um CD para uma rede de supermercados e sim, analisar suas vantagens (...)”.

7 CONCLUSÃO

Ser uma empresa competitiva nos dias atuais é ser empreendedora.

Novas tecnologias estão no mercado para serem ferramentas importantes no nosso negócio. A empregabilidade de cada uma delas depende de cada empresa.

Diante da proposta inicial desse trabalho, de analisar se a utilização de um Centro de Distribuição poderia ser um diferencial, concluímos que pode ser, assim como pode não ser o diferencial. Vimos duas empresas que, apesar de agirem no mesmo segmento – supermercados – tem forma diferente de agir e de gerir seu estoque.

Assim sendo, vemos que a utilização de em CD dará o diferencial ou não, pela forma que será gerido. Inúmeras ferramentas de informações estão no mercado, que a cada dia está inovando e se modificando.

Sugerimos também, um estudo mais aprofundado, visto que o segmento é amplo e pode ser mais discutido, consultando autores diferentes sobre processos logísticos, assim como Administração de Materiais.

Finalizando, de todas as formas ficou evidente a importância da Logística para as empresas atualmente. Sua magnitude aborda muitos estratagemas que podem definir a colocação das empresas entre as vencedoras ou as perdedoras.

REFERÊNCIAS

MADALENA, Betina; SANTOS, Emanuele J. dos; RISSI, Maurício; SCÓZ, Mônica; MORÉ, Rafael; ALMEIDA, Vera Luci de. Centro de Distribuição:Um estudo de caso em redes de supermercados, RACE, Unoesc, v4 p33-42, 2005

RIBEIRO, Aline. O CPFR como mecanismo de integração da cadeia de suprimentos: Experiências de implementação no Brasil e no mundo. 200?.

http://www.acasadomarcelo.blogspot.com. 2.1 Supermercados no Brasil. Acessado em 19 de julho de 2007.

SOBRE OS AUTORES

* Graduada em Administração de Empresas, pós-graduada em Marketing e Negócios e pós graduanda em Logística Empresarial – MBA. jaquelina@unoescvda.edu.br

** Graduado em Administração de Empresas, pós-graduado em Marketing e Negócios e pós graduando em Logística Empresarial – MBA. unoesc@gmail.com

*** Graduada em Gestão Empresarial, pós graduanda em Logística Empresarial – MBA. scavinato@gmail.com

1. Centro de Distribuição

2. www.acasadomarcelo.blogspot.com, acessado em 19 de julho de 2007.

3. Preparação do pedido, abrindo o pallet e montando o pedido específico de cada cliente.

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