quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Brasil: particularidades em economia e gestão

Disponível em  HSM Online
19/11/2009


Nosso país intrigou Peter Drucker. Em seus estudos, o “pai do management moderno”, reconhece que no Brasil há práticas gerenciais que levam a resultados interessantes e que só podiam funcionar aqui mesmo.

Em sua cruzada para provar que a gestão era um dínamo insubstituível para a obtenção de desenvolvimento econômico e social, Peter Drucker reforçava sempre o papel do conhecimento.

Segundo ele, a Revolução Industrial aplicou o conhecimento às máquinas, a revolução da produtividade injetou conhecimento ao trabalho e a revolução gerencial do século XX agregou conhecimento ao conhecimento. Ou seja, somente novas tecnologias não irão transformar o futuro. A solução é tornar o conhecimento produtivo e transferível, de forma global, sem barreiras continentais.

Por isso, teoricamente não haveria motivos para pensarmos que no Brasil é diferente, que há um jeito brasileiro de administrar. Drucker sempre discutiu as práticas e a teoria econômicas não em termos regionais ou geográficos, mas sob a ótica de valores: integridade, caráter, responsabilidade, deveres, dignidade, significado, qualidade de vida, valorização do ser humano. Nesse sentido, em 1994 ele enfatizava que, quando um gerente lida com a integração de pessoas em um empreendimento comum, aquilo que se faz nos Estados Unidos, na Alemanha, no Japão ou no Brasil é exatamente o mesmo em termos gerais, independentemente das especificidades. Toda empresa requer objetivos simples, claros e unificadores e valores comuns.

No caso particular do Brasil, o tempo acabou por mostrar aspectos diferenciadores de nossa estrutura tupiniquim. Peter Drucker afirmou, em outra ocasião, que o nosso País marcava passo, não por falta de poupança e de investimento, mas pela ausência de boa gestão pública. Para fugir dessa questão, era necessário que a discussão política se concentrasse em como gerir bem o País, sem haver um comando quase ilimitado de uma equipe econômica.

Sua curiosidade pelo Brasil era alimentada em atividades como pesquisador, consultor, professor de brasileiros e até em passeios turísticos. Em 2005, por intermédio de uma entrevista à HSM Management, rendeu-se à percepção de que, no Brasil, as coisas dão certo quando são feitas do jeito brasileiro. “É um modo que, provavelmente, não daria certo em nenhum outro lugar do mundo. É um mistério”. Para o desenvolvimento do País, recomendou integrar economicamente o Norte e o Sul e criar uma sociedade verdadeiramente multirracial.

Enxergava no nosso País um potencial excepcional de recursos humanos, embora acreditasse que as empresas se esqueciam disso, mesmo observando a crescente profissionalização da administração no Brasil.
“Não sou especialista em Brasil, mas uma coisa estou habilitado a dizer: não creiam que mão de obra barata ainda seja uma vantagem.”  (Peter Drucker).

O economista Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia de 2008, também sinalizou a diferença. De acordo com seu vaticínio, a América Latina se recuperará da crise econômico-financeira global antes dos países desenvolvidos, e o Brasil assumirá uma posição de liderança e protagonismo. Em meados de2008, Krugman afirmou que o Brasil caminhava para ser um líder dos países emergentes, mesmo que a China e a Índia crescessem a um ritmo maior do que o brasileiro. No entanto, ainda que com esse grande potencial, para ele o nosso crescimento era menor do que o potencial. A explicação? A educação, que nos países asiáticos é surpreendentemente melhor, mesmo existindo grandes índices de pobreza. O que nos leva a uma reflexão sobre prioridades na gestão do dia a dia.

 “Pode ser dito, sem grande supersimplificação, que não há países subdesenvolvidos. Há apenas os subadministrados.” (Peter Drucker)

Esse artigo foi retirado do site HSM online como forma para divulgar a homenagem ao grande mestre da Adminitração Moderna. Visite a página e leia todos os artigos.
O Editor 

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