sexta-feira, 15 de junho de 2012

O que esperar da Rio+20?


15/06/2012
IVO THEIS

A primeira conferência da ONU dedicada aos "problemas socioambientais" teve lugar em Estocolmo no já distante ano de 1972. Duas décadas depois viria a Rio 1992. Dez anos após, em 2002, Johannesburg sediaria a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável. Muitos documentos, muita conversa fiada entre chefes de Estado e muitos compromissos assumidos (mas descumpridos) depois, e se está iniciando, nesses dias, uma nova Conferência das Nações Unidas: a Rio+20. O que esperar desta?

Nada melhor que ir aos fatos para uma resposta aceitável. E para recuperar os mais relevantes, outra pergunta: o meio ambiente está melhor hoje, 2012, que há quatro decênios atrás? Está se consumindo menos recursos – água, minérios etc. – e se poluindo menos as águas (dos rios e oceanos), o solo e o ar, atualmente, em comparação com o que se consumia e poluía quando foi realizada a Conferência de Estocolmo? A resposta parece óbvia... Outra perguntinha: se as conferências anteriores não inibiram a exploração predatória da natureza, por que a Rio+20 teria êxito? Aliás, que importância devem atribuir a esta conferência potências mundiais como os Estados Unidos e a Alemanha, cujos chefes de Estado deverão "dar o cano"?

Mas atenção: é fácil jogar a culpa dos problemas socioambientais nos governantes – assim como na explosão demográfica e noutros fantasmas que inspiram mais catastrofismo que esperança. O governo dos Estados Unidos – e o de outros países – pouco pode fazer diante dos interesses da grande indústria, do agronegócio e da finança. É certo que a presidente Dilma tem perdido algumas chances: vetar o Código Ambiental por completo (já que se trata de um absurdo completo), parar de subsidiar as montadoras e elevar o preço dos derivados do petróleo. Porque não apostar em transporte menos nocivo à natureza e aos seres humanos?

A esperança está na Cúpula dos Povos, que terá lugar entre hoje e o próximo sábado, dia 23, no Aterro do Flamengo. Aí a conversa será em torno de justiça social e ambiental. Este evento "paralelo" promete por ser bem mais representativo dos interesses populares que o que reúne chefes de Estado. E por ser muito menos contaminável pelos interesses da grande indústria, do agronegócio e da finança – afinal, os responsáveis pela tragédia ambiental desses tempos.



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